Depressão e a Busca pelo Sentido: Quando Vivemos Através do Outro
- izabellapsi
- 13 de fev.
- 4 min de leitura
A depressão não é apenas tristeza. Um de seus traços mais marcantes é a perda do sentido da vida — aquela sensação de que nada faz sentido, de que não há caminhos, saídas ou motivos para seguir em frente. Esse vazio pode ser tão profundo que, para escapar dele, nossa mente cria compensações, como se apegar intensamente à vida de outras pessoas: filhos, parceiros, familiares. Eles se tornam o centro de tudo, nosso único propósito.
Mas o que acontece quando essa compensação não se sustenta? Quando, mesmo com todo esse apego, o vazio continua ali, esperando para ser encarado?
A Psicologia Analítica (Junguiana) nos ensina que, nesses momentos, a questão não é resgatar o que um dia nos fez felizes, mas entender o que pode nos dar sentido agora. Para onde nossa energia quer ir? E por que muitas vezes resistimos tanto a essa transformação?

1. Depressão tem graus: quando a psicoterapia sozinha não é suficiente
Antes de falarmos sobre o impacto da depressão na busca por sentido, é fundamental entender que a depressão não é igual para todos. Existem graus diferentes, e isso define o tipo de abordagem necessária para o tratamento.
🔹 Depressão leve: Pode ser tratada exclusivamente com psicoterapia, ajudando a pessoa a reorganizar seus pensamentos e encontrar novas formas de lidar com suas emoções.
🔹 Depressão moderada: Aqui, os sintomas já começam a impactar a rotina e a qualidade de vida. A psicoterapia continua sendo essencial, mas, dependendo da avaliação, o psiquiatra pode recomendar o uso de medicação para equilibrar a química cerebral.
🔹 Depressão grave: Neste nível, a pessoa pode enfrentar uma apatia profunda, perda total de interesse pela vida e até pensamentos suicidas. O acompanhamento psiquiátrico se torna indispensável, e a combinação de medicação e psicoterapia é o caminho mais eficaz para o tratamento.
Portanto, é importante reforçar que psicólogos e psiquiatras são aliados, e não concorrentes. A medicação não invalida o trabalho terapêutico, mas sim cria condições para que ele seja mais eficaz, especialmente nos casos mais graves.
2. Quando viver para o outro se torna uma armadilha
É comum vermos pessoas que colocam todo o sentido da sua existência nos filhos, no casamento ou no trabalho. A princípio, isso pode trazer satisfação. Mas, com o tempo, essa dependência emocional cobra seu preço.
A Psicologia Junguiana nos ensina que, quando ignoramos nossas próprias necessidades e desejos, o inconsciente encontra formas de nos mostrar que há algo errado — seja por meio de sintomas físicos (cansaço, dores inexplicáveis, insônia), seja por crises emocionais (irritabilidade, angústia, ansiedade).
A pergunta que surge é: onde minha energia realmente quer ir? Será que estou vivendo da forma mais autêntica para mim ou apenas seguindo um caminho que parece seguro e socialmente aceitável?
3. O conflito entre desejo e moralidade
Nem sempre a resposta para essa pergunta é fácil ou confortável. Muitas vezes, os desejos que surgem vão contra o que aprendemos a considerar correto.
Por exemplo, uma mulher que passou anos vivendo apenas para os filhos pode sentir um desejo intenso de redescobrir sua individualidade. Mas esse impulso pode vir acompanhado de culpa: "Será que estou sendo egoísta?" Um profissional que se dedicou inteiramente à carreira pode perceber que deseja algo completamente diferente, mas teme ser julgado por abandonar o que construiu.
Jung falava sobre a importância da individuação — o processo de se tornar quem realmente somos, mesmo que isso exija romper com padrões antigos. Esse caminho pode ser desafiador e até doloroso, mas é a única forma de reencontrar sentido genuíno na vida.
4. Como sair desse ciclo e construir um sentido real para sua vida?
Se você se identificou com esse processo, saiba que há formas de reconstruir sua relação consigo mesmo:
✅ Reconheça que a depressão pode ser um chamado para transformação: O vazio que você sente não significa que sua vida acabou, mas que precisa ser reinventada.
✅ Permita-se questionar o que realmente te faz bem: Se o que te trouxe felicidade antes não funciona mais, o que pode te trazer sentido agora?
✅ Entenda que viver para os outros não pode ser sua única fonte de propósito: Relacionamentos são importantes, mas sua individualidade também precisa de espaço.
✅ Busque apoio profissional: A terapia pode te ajudar a compreender esse processo sem culpa, trabalhando a transição de forma saudável e sem autossabotagem.
✅ Considere a necessidade de um acompanhamento psiquiátrico: Se os sintomas estiverem intensos e persistentes, não hesite em buscar um psiquiatra. O tratamento pode ser um divisor de águas para a sua recuperação.
Dê o primeiro passo para se reencontrar
Se você sente que perdeu o sentido da sua vida e está preso(a) em um ciclo de compensação emocional, talvez seja hora de olhar para dentro e ouvir o que sua própria psique está tentando te dizer.
A terapia pode ser o espaço seguro que você precisa para explorar suas emoções, entender suas verdadeiras vontades e construir um caminho mais autêntico para si mesmo(a).
Quer começar essa jornada? Agende uma conversa comigo e descubra como podemos trabalhar juntos nessa transformação.