O ciclo da Cobrança: a sensação de ser insuficiente e a falta de motivação
- izabellapsi
- 4 de mar. de 2024
- 3 min de leitura
O que você aprenderá nesse post:
Sensação de insuficiência
Piloto automático: o caminho em direção a arrependimentos e lamentações
Autoconhecimento: ferramenta essencial para sair desse piloto automático
Se houver uma trilha sonora para a experiência da vida atualmente, uma melodia que não poderia faltar seria a que representasse a sensação constante de "eu devia ter feito". É como se estivéssemos em um eterno jogo de retrovisor, lamentando escolhas passadas e nos cobrando por um padrão inatingível. Esta é a condição que mais se acentua na nossa sociedade, e que estamos imersos em um ciclo de pressão e autoexigência que parece não ter fim.
A música "Piloto Automático" da banda Supercombo pode muito bem ser o hino dessa época. Seus versos expressam com franqueza a vivência dessa angústia: "Eu sei que eu devia ter feito diferente, mas eu não fiz". Essa reflexão ecoa em muitos de nós, que nos flagramos constantemente pensando nos "e se..." e nos "por que não...".
Mas de onde vem essa pressão avassaladora? Por que nos sentimos tão constantemente em falta, como se nunca fôssemos bons o suficiente? As palavras de Mihaly Csikszentmihalyi em "A Descoberta do Fluxo" nos faz refletir sobre essa questão:
O tempo é valioso, é nele que vivemos e experimentamos a vida. E é justamente nesse contexto que sentimos toda a pressão. Vivemos numa época em que o trabalho, as responsabilidades diárias e até mesmo o tempo de relaxamento nos consomem, deixando-nos com pouco tempo para simplesmente sermos o que queremos.
O autor nos adverte sobre a qualidade de vida, ressaltando que ela não é determinada apenas pela busca da felicidade, mas também pela realização de metas significativas. Sem sonhos, arriscando pouco, nos contentamos com uma vida superficial, onde a satisfação se esvai rapidamente.
E como se não bastasse, somos bombardeados por uma infinidade de estímulos e distrações. Nossa atenção, fragmentada e dispersa, é direcionada pela emoção e moldada pelo pensamento. Sem concentração, nossas mentes se perdem em um caos de preocupações e expectativas, alimentando ainda mais a sensação de insuficiência.
É como se estivéssemos presos em um piloto automático, seguindo um roteiro predefinido sem questionar se é isso mesmo que queremos. E quando nos damos conta, já estamos imersos em um mar de arrependimentos e autocríticas, lamentando o tempo perdido e as oportunidades desperdiçadas e nos sentindo insuficientes.
Mas há uma luz no fim do túnel. Reconhecer essa pressão, esse ciclo de autossabotagem, é o primeiro passo para romper com ele. É preciso aprender a nos libertar das amarras do passado e cultivar uma nova relação com o presente, onde o autoconhecimento e a autocompaixão sejam nossos guias.
É importante reconhecer que o arrependimento é uma parte natural da experiência humana. Todos nós cometemos erros e tomamos decisões que mais tarde podemos lamentar. No entanto, é fundamental entender que esses arrependimentos não definem quem somos. Eles são apenas uma parte do nosso processo de aprendizado e crescimento.
Em vez de nos prendermos ao passado, devemos aprender a usar nossos arrependimentos como oportunidades de crescimento. Em vez de nos torturarmos com pensamentos de "eu devia ter feito", devemos nos perguntar o que podemos aprender com nossas experiências passadas e como podemos aplicar essas lições em nossas vidas no presente.
Portanto, que possamos nos desafiar a sair do piloto automático, a questionar nossas escolhas e a abraçar a imperfeição como parte essencial do processo de crescimento. Somente assim poderemos verdadeiramente viver, experimentar e seguir nosso caminho com autenticidade e motivação.
Psicóloga e Palestrante Izabella Almeida dos Santos (CRP 06/161578)
Contato: (11) 99292-8495 Instagram: @izasantos.psi E-mail: izabella.psi@outlook.com
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